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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Boqueirão News: Sucesso à beira mar

Para comemorar os 478 anos da Cidade, São Vicente conta com um dos maiores espetáculos da dramaturgia, mesmo com a carência de um Teatro Municipal

Da Redação
, por Natasha Guerrize



São exatamente 28 anos percorrendo uma história que transformaria a antiga Terra de Santa Cruz. A chegada de Martim Afonso de Souza no País e a conseqüente criação da primeira capitania hereditária do Brasil – ou, se preferir, a primeira Cidade brasileira - foram os elementos certeiros para transformar a história de São Vicente em um movimento cultural apreciado, principalmente, por turistas de várias partes. Trata-se da Encenação da Vila de São Vicente, considerada o maior espetáculo teatral em areia de praia do mundo que, neste ano, ocorre a partir de segunda (18) e vai até o domingo (24), sempre às 21h.

O sucesso desse espetáculo em área de praia não é segredo. A começar pelo lugar da apresentação. A praia do Gonzaguinha, onde a peça é encenada, foi exatamente o local de desembarque de Martim Afonso de Souza, fundador da Cidade. Dessa forma, o cenário do acontecimento histórico representa um realismo ainda maior, pois os atores atuam e adaptam as cenas no local certo, sem que para isso seja preciso um trabalho de improviso e criação por parte da produção do espetáculo.

E por falar em produção, esse é mais um fator que explica todo o sucesso. Desde 1997, quando foi considerado o ‘divisor de águas’, os profissionais da área passaram a selecionar um elenco mais profissional e experiente do teatro e da teledramaturgia brasileira. Há 13 anos, portanto, atores e atrizes como Alexandre Borges, Ney Latorraca, Oscar Magrini, Julia Lemmertz, Humberto Martins, Mauricio Mattar, Monica Carvalho, Malvino Salvador, Luciano Szafir, Bianca Rinaldi, Luigi Baricelli e Carmo Dalla Vecchia passaram pelo núcleo da encenação. A partir desses nomes, a encenação passou a ter uma boa imagem no circuito da dramaturgia.

Essas conquistas de formação de elenco, entretanto, não foram fáceis. Presente desde a primeira apresentação (que ocorreu em 1982), Sérgio Guerreiro trabalhou como ator, figurinista e autor de diversas edições da peça.

Atualmente como diretor executivo da encenação, ele também colabora na escolha do elenco. E explica as dificuldades. “As negociações com os atores começam desde a metade do ano, sempre em função das grades de TV, por exemplo, que boa parte só fecha em novembro. Claro que nem sempre dá para trabalhar com os atores que queremos para um determinado ano, mas no final dá certo, pois todos se interessam bastante pelo roteiro”.

Neste ano, o elenco já está formado e chegou na sexta (15) na cidade para ensaiar neste final de semana. Dois dos atores atuaram recentemente na novela global das sete, Caras e Bocas: Henri Castelli (Martim Afonso), que fazia o papel do advogado Vicente e Júlio Rocha, que encarnou o vilão Edgar. O elenco também conta com Juliana Knust, Cissa Guimarães, Nuno Leal Maia e Rogéria.

Além do elenco, a autonomia e a divisão de funções parece funcionar. “É importante no meu trabalho ter um poder de decisão desde o início do espetáculo, desde a escolha de funções bem distintas, como diretor de arte, de cena, roteirista, até pensar no cenário da encenação”, aponta Guerreiro.

Novidades

Mas o grande desafio que culmina na tradição do espetáculo é trazer sempre uma renovação. A história, evidentemente, não muda. Mas um novo ponto de vista e recursos de produção são exemplos de inovação.

Para o espetáculo, Sérgio Guerreiro garante algumas cenas de ação que prometem emocionar o público, além do uso da holografia, que equivale a uma cortina d´água. Trata-se de um recurso usado para os flashbacks ao vivo e visões futuras dentro de uma peça de teatro. “A vantagem desses recursos é levar mais deslumbramento ao público e trabalhar com linguagens diferenciadas, mesmo que a história continue a mesma”, explica.

A participação da comunidade também representa a força do evento, porque são os moradores da Cidade que podem participar de todo o processo e garantem a identidade do espetáculo. “Ainda mais porque São Vicente carece de um teatro e sabemos que a dramaturgia é uma grande área para incentivar novos talentos nas comunidades”, conta.

Índia Bartira

As grandes revelações da Cidade passam, muitas vezes, pela figuração da peça. Para a encenação deste ano, por exemplo, a protagonista da encenação – a Índia Bartira – não será uma atriz formada, normalmente escolhida pela direção.

Em voto feito por meio da Internet, o público escolheu a frentista Marisol Dias, de 26 anos. Ela nasceu em Santos, mas passou a morar em São Vicente a partir dos quatro e foi criada no bairro do Japuí. Ficou na Cidade até os 23. Depois, foi morar e trabalhar em Praia Grande.

Em meados de novembro, ela começou a sentir o espírito de atuar. Fez cursos de linguagem corporal junto com toda a equipe profissional da produção. Mesmo não tendo qualquer experiência em artes cênicas, ela garante estar pronta.

“Olho os vídeos dos atores profissionais no YouTube, tento fazer como eles. Também avisei a eles que não tenho experiência, mas todos me deram ótimas dicas e não me senti intimidada”, diz, confiante. “Sei que vão cobrar de mim, mas estou preparada”. Depois de todo o preparo, Marisol e os atores convidados vão ensaiar juntos neste fim de semana.

Onde comprar

Já foram vendidos cerca de 13 mil ingressos. Os convites para a estréia, que acontece nesta segunda (18) já estão esgotados. Mas ainda há tempo de prestigiar o espetáculo.

Pela internet, o portal de venda dos ingressos é no sitewww.portaldoingresso.com.br. Além das bilheterias instaladas na arena da Encenação (Praça Tom Jobim – Gonzaguinha), as entradas também podem ser adquiridas nas lojas Planet Girls – nos shoppings Brisamar (São Vicente), Praiamar (Santos) e Litoral Plaza (Praia Grande); lojas Vip-X – no shopping Brisamar e na Praça Barão do Rio Branco. As arquibancadas custam R$ 10 e as laterais, R$ 7.

http://www.boqnews.com/ultimas_texto.php?cod=3823

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